terça-feira, 14 de agosto de 2012

A ironia da caminhada

É preciso acertar a direção dos pés quando os velhos caminhos se esgotam!

É sabido que nós, enquanto seres humanos, estamos aqui nesse espaço físico e mental, real e abstrato para adquirir opiniões, assimilar crenças. Dessa forma, o ser humano é dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, eis o que nos difere, temos a capacidade de pensar, questionar, agregar criticamente o conhecimento.

Neste contexto, quando nascemos, temos contato com a primeira instituição social - a família - e um processo de valoração nos é atribuído. Dessa maneira, sem caráter de escolha o ordenamento jurídico já está atuando, com um controle social que começa na família e se estende a outros órgãos e instituições, tais como a escola, a igreja etc. Sendo assim, recebemos doutrinas que em um dado momento passamos a questionar, saímos de casa com determinadas percepções e voltamos com perguntas sobre a real validade destas.




Entretanto, o ser humano é sinônimo de evolução, um eterno gerúndio, irônico não?! Nem tanto! Veja você, que muitos seres da nossa espécie negam a evolução dos seus próprios pensamentos, ideias e convicções. Não obstante, percebemos a necessidade de uma autonomia mental, o que nos fora passado entra em embate com o que vemos no mundo e a partir daí agregamos nossas observações e levantamos nossas próprias conclusões. Então, é chegada a hora de se autoafirmar? É o que nos diz a psicologia barata da critica generalizada. – Com licença, senhor, será que tenho o direito de ter minhas próprias opiniões? De fato, é difícil resistir às doutrinas, ao controle que nos é passado e devemos estar preparados para lidar com a falta de compreensão que virá - inclusive, de quem está por perto - sobre nossos posicionamentos, afinal, o caráter de entendimento sobre o que pensamos é basicamente nosso.


É certo afinal de contas, que formulamos nossas opiniões, as defendemos com veemência e, inicialmente, confundimos o ato de defender o que se pensa vorazmente com desprezar e não aceitar a opinião do outro, são os percalços pelo caminho, o ideal é tentar livrar-se ao máximo do etnocentrismo. Ora ora, não somos seres vazios, somos navegantes nas - sombrias ou não - águas de nossas concepções. De tal maneira, lutamos com nosso interno e externo a fim de adquirir concepções, certezas, razões - e, sim, encontramos! Porém, achamos que tudo ficará bem, até nos darmos conta de que a busca não acabou, até perceber que ela é interminável. 



Á medida que vivenciamos esse processo de valoração, percebemos que nossas certezas não são tão certas assim, que o ideal é ter a mente livre, afinal de contas, se queremos tanto ser livres, devemos primeiro libertar a nossa mente. Conforme vamos adquirimos maturidade ao longo da caminhada, percebemos a necessidade da mente, da alma e do convívio social de abrir mão de certas perspectivas para adquirir novas, e nosso maior desafio é encarar com equilíbrio, serenidade e sabedoria perspectivas que muitas das vezes podem destruir lapsos de ideias de uma vida inteira. Como diria, então, o cantor e compositor brasileiro, Ednardo, em sua música “Sinal dos Tempos”: “É preciso acertar a direção dos pés quando os velhos caminhos se esgotam”.

"É preciso fazer uma canção
Um trato, uma entrega, uma doação
É preciso a chuva escura, a noite, a solidão
É preciso tudo agora
Um dissabor, uma vitória, uma confissão
A voz de um instrumento e a tua mão
Que nos faça acordar,
Sim, meias palavras não bastam
É preciso acordar
É preciso mergulhar mais que mil pés
Onde Netuno traça o rumo das marés
É preciso acertar a direção dos pés
Quando os velhos caminhos se esgotam
E os tempos não voltam
Não voltam [...]"
(Sinal Dos Tempos - Ednardo)

10 comentários:

  1. Nasce uma escritora madura...pronta para preencher as linhas vazias e cortantes da vida...

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    1. Professoooor, já lhe disse que o senhor é meu grande Mestre, o senhor foi muito importante - eternamente importante - no meu desenvolvimento enquanto ser humano e no âmbito da intelectualidade, muito obrigada pelas sinceras palavras, cada crítica, cada rabisco de caneta vermelha e cada frase rock n' roll de força nos meus textos que o senhor corrigia, foram cruciais no meu crescimento, muito Obrigada, lhe amo professor!

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  2. Nandoca, parabéns pela iniciativa.

    Vamos construir um bela espaço democrático para o debate.

    bjs

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    1. Obrigada irmão! =D
      Com certeza, o "Revoliterários é a favor da liberdade e da sabedoria construída com base em debates saudáveis e livres de arbitrariedade!

      Beijos :)

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  3. Texto altamente sensacional para ler, saboroso de degustar, e critico quanto às nossas percepções de mundo e convicções de vida!

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    1. Obrigada, amor, sem todo o seu trabalho para que o blog nascesse, sem sua força, análise critica acerca do texto, ele não teria se concretizado. Criar um blog e "atirar" meus textos era um sonho e você o realizou, Obrigada mesmo! ^^

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  4. tenho orgulho de você. rs

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    1. Ohhh amigaaaa, que emoção quando vi seu comentário! Obrigada, eu também tenho orgulho de você, pela bondade, generosidade, sabedoria e sinceridade que você carrega em seu coração! =D

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  5. Adorei esse texto. Nanda arrasando no Revoliterarios. Favoritado!

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  6. Obrigada, Primooooo, haha. Obrigada pela força com o texto e pela opinião crítica que você me concedeu antes e pós a postagem! =D

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