sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sentir é ser!

Se pensarmos que não há o que desarrume nossa lógica, deixaremos de acreditar na existência de coisas muito além do que somos capazes de imaginar, pensar e compreender. Vai chegar um momento que algumas pessoas, por exemplo, ao estarem gostando de alguém, vão pedir comprovação científica disto - e não a terão. Então, compreenderão que nem tudo na vida tem lógica, nem tudo na vida é razão! 

Ser racional, às vezes, é uma desculpa/medo para não se aventurar no desconhecido ou, então, evitar erros que – vai por mim, leitor - são incertos, já que a chance de que dê certo é a mesma, ou quase a mesma, nem tanto assim, talvez seja minimamente possível, mas pode ser! Ah, sei lá – tá vendo, não dá pra ser racional em tudo. Só uma retificação: não vá por mim (como disse linhas anteriores), eu estava brincando, a decisão de qualquer coisa na sua vida é sua, e só. 


Quanto mais buscamos a racionalidade em tudo, mais nos tornamos céticos em acreditar nas nossas emoções, e nos distanciamos dos nossos  sentimentos. Não me entenda como um adepto da misologia; não tenho aversão ao raciocínio e à ciência, nem creio que pensar nos faça mal, absolutamente. Se estou escrevendo esse texto, é porque penso - e gosto de pensar. No entanto, muito antes de escrevê-lo, saboreei o sentimento que escrever me traz, continuei – e continuo - saboreando ao ordenar que cada palavra se fizesse presente nele. Pensar não exclui sentir, assim como sentir não é contraponto de pensar. Nenhum dos dois pode determinar a medida do outro! Quem determina somos nós – cada um de nós, em nossa particularidade. Podemos escolher sentir tantos por cento, e pensar outros tantos; ou o contrário; ou nem um, nem outro – cada um sente e pensa como quiser!         

O medo e os “se(s)” da vida impedem os momentos de êxtase sentimental, que poderiam ser únicos, mas que pra isto precisaríamos vivê-los. Não estou dizendo que devemos sair fazendo tudo o que de cara parecer ser o sentimento mais natural, até porque a parcela de racionalidade que conquistamos durante a vida também é importante e nos previne de muitas coisas não tão boas. Só penso – tá vendo, eu penso - que devemos ser pulsação e não apenas sinapses.

Podemos culpar nossos sentimentos pela má sorte, destino – ou, seja lá o que for que aconteça por uma escolha feita - ou, então, sentir com toda força cada momento, sem se culpar por não ter pensado um pouco mais, sem arrependimento. E  quer saber mesmo: a razão só é racional de fato, se antes de sê-la, for sentida - e não pensada, simplesmente. Sentir - ser de fato - sobrepõe qualquer pensamento posterior à condição de existência humana. Somos seres racionais, sim, mas antes de tudo somos sentimentos. Quando enxergamos o mundo pela primeira vez choramos (sentimos), e não pensamos! Sentir é fundamental, sentir é ser; é ser-humano e não máquina!    

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A ironia da caminhada

É preciso acertar a direção dos pés quando os velhos caminhos se esgotam!

É sabido que nós, enquanto seres humanos, estamos aqui nesse espaço físico e mental, real e abstrato para adquirir opiniões, assimilar crenças. Dessa forma, o ser humano é dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, eis o que nos difere, temos a capacidade de pensar, questionar, agregar criticamente o conhecimento.

Neste contexto, quando nascemos, temos contato com a primeira instituição social - a família - e um processo de valoração nos é atribuído. Dessa maneira, sem caráter de escolha o ordenamento jurídico já está atuando, com um controle social que começa na família e se estende a outros órgãos e instituições, tais como a escola, a igreja etc. Sendo assim, recebemos doutrinas que em um dado momento passamos a questionar, saímos de casa com determinadas percepções e voltamos com perguntas sobre a real validade destas.




Entretanto, o ser humano é sinônimo de evolução, um eterno gerúndio, irônico não?! Nem tanto! Veja você, que muitos seres da nossa espécie negam a evolução dos seus próprios pensamentos, ideias e convicções. Não obstante, percebemos a necessidade de uma autonomia mental, o que nos fora passado entra em embate com o que vemos no mundo e a partir daí agregamos nossas observações e levantamos nossas próprias conclusões. Então, é chegada a hora de se autoafirmar? É o que nos diz a psicologia barata da critica generalizada. – Com licença, senhor, será que tenho o direito de ter minhas próprias opiniões? De fato, é difícil resistir às doutrinas, ao controle que nos é passado e devemos estar preparados para lidar com a falta de compreensão que virá - inclusive, de quem está por perto - sobre nossos posicionamentos, afinal, o caráter de entendimento sobre o que pensamos é basicamente nosso.


É certo afinal de contas, que formulamos nossas opiniões, as defendemos com veemência e, inicialmente, confundimos o ato de defender o que se pensa vorazmente com desprezar e não aceitar a opinião do outro, são os percalços pelo caminho, o ideal é tentar livrar-se ao máximo do etnocentrismo. Ora ora, não somos seres vazios, somos navegantes nas - sombrias ou não - águas de nossas concepções. De tal maneira, lutamos com nosso interno e externo a fim de adquirir concepções, certezas, razões - e, sim, encontramos! Porém, achamos que tudo ficará bem, até nos darmos conta de que a busca não acabou, até perceber que ela é interminável. 



Á medida que vivenciamos esse processo de valoração, percebemos que nossas certezas não são tão certas assim, que o ideal é ter a mente livre, afinal de contas, se queremos tanto ser livres, devemos primeiro libertar a nossa mente. Conforme vamos adquirimos maturidade ao longo da caminhada, percebemos a necessidade da mente, da alma e do convívio social de abrir mão de certas perspectivas para adquirir novas, e nosso maior desafio é encarar com equilíbrio, serenidade e sabedoria perspectivas que muitas das vezes podem destruir lapsos de ideias de uma vida inteira. Como diria, então, o cantor e compositor brasileiro, Ednardo, em sua música “Sinal dos Tempos”: “É preciso acertar a direção dos pés quando os velhos caminhos se esgotam”.

"É preciso fazer uma canção
Um trato, uma entrega, uma doação
É preciso a chuva escura, a noite, a solidão
É preciso tudo agora
Um dissabor, uma vitória, uma confissão
A voz de um instrumento e a tua mão
Que nos faça acordar,
Sim, meias palavras não bastam
É preciso acordar
É preciso mergulhar mais que mil pés
Onde Netuno traça o rumo das marés
É preciso acertar a direção dos pés
Quando os velhos caminhos se esgotam
E os tempos não voltam
Não voltam [...]"
(Sinal Dos Tempos - Ednardo)