Se pensarmos que
não há o que desarrume nossa lógica, deixaremos de acreditar na existência de coisas
muito além do que somos capazes de imaginar, pensar e compreender. Vai chegar
um momento que algumas pessoas, por exemplo, ao estarem gostando de alguém, vão
pedir comprovação científica disto - e não a terão. Então, compreenderão que
nem tudo na vida tem lógica, nem tudo na vida é razão!
Ser racional, às
vezes, é uma desculpa/medo para não se aventurar no desconhecido ou, então,
evitar erros que – vai por mim, leitor - são incertos, já que a chance de que
dê certo é a mesma, ou quase a mesma, nem tanto assim, talvez seja minimamente
possível, mas pode ser! Ah, sei lá – tá vendo, não dá pra ser racional em tudo.
Só uma retificação: não vá por mim (como disse linhas anteriores), eu estava
brincando, a decisão de qualquer coisa na sua vida é sua, e só.
Quanto mais buscamos
a racionalidade em tudo, mais nos tornamos céticos em acreditar nas nossas
emoções, e nos distanciamos dos nossos
sentimentos. Não me entenda como um adepto da misologia; não tenho
aversão ao raciocínio e à ciência, nem creio que pensar nos faça mal,
absolutamente. Se estou escrevendo esse texto, é porque penso - e gosto de
pensar. No entanto, muito antes de escrevê-lo, saboreei o sentimento que
escrever me traz, continuei – e continuo - saboreando ao ordenar que cada
palavra se fizesse presente nele. Pensar não exclui sentir, assim como sentir
não é contraponto de pensar. Nenhum dos dois pode determinar a medida do outro!
Quem determina somos nós – cada um de nós, em nossa particularidade. Podemos
escolher sentir tantos por cento, e pensar outros tantos; ou o contrário; ou
nem um, nem outro – cada um sente e pensa como quiser!
O medo e os “se(s)”
da vida impedem os momentos de êxtase sentimental, que poderiam ser únicos, mas
que pra isto precisaríamos vivê-los. Não estou dizendo que devemos sair fazendo
tudo o que de cara parecer ser o sentimento mais natural, até porque a parcela
de racionalidade que conquistamos durante a vida também é importante e nos
previne de muitas coisas não tão boas. Só penso – tá vendo, eu penso - que
devemos ser pulsação e não apenas sinapses.
Podemos culpar nossos
sentimentos pela má sorte, destino – ou, seja lá o que for que aconteça por
uma escolha feita - ou, então, sentir com toda força cada momento, sem se culpar
por não ter pensado um pouco mais, sem arrependimento. E quer saber mesmo: a razão só é racional de
fato, se antes de sê-la, for sentida - e não pensada, simplesmente. Sentir -
ser de fato - sobrepõe qualquer pensamento posterior à condição de existência
humana. Somos seres racionais, sim, mas antes de tudo somos sentimentos. Quando
enxergamos o mundo pela primeira vez choramos (sentimos), e não pensamos!
Sentir é fundamental, sentir é ser; é ser-humano e não máquina!