É de se notar -
não tão discretamente - que as mulheres lutaram contra padrões opressores,
derrubaram estruturas cíveis e ainda chocam os valores tradicionais. Dessa
forma, é sabido, que os valores mudam - a conjuntura muda - e os Direitos devem
acompanhar as transformações sociais. Entretanto, o Direito não consegue
caminhar de acordo com a voracidade dos fatos, por isso é um conflito diário e
interminável lidar com a validade das leis. Nesse sentido, em um contexto que
sustentava o patriarcado, inclusive onde a Religião atrelava e fincava esses
valores, a mulher era mesmo submetida à simplesmente procriar e pilotar um
fogão.
Contudo, graças a
um período histórico que basicamente engloba mulheres em fábricas e maridos em
guerra até as conquistas feministas propriamente ditas, a mulher ganhou seu
espaço na sociedade, ganhou o direito de trabalhar - a mulher tem que trabalhar
sim - visto que já fora dito em algum momento que o trabalho fortalece e
dignifica a alma, e isso se aplica independente de gênero. Todavia, não se
muda da noite para o dia, hábitos são hábitos justamente porque são repetidos e
sustentam uma cultura, então é um processo complexo criar uma nova mentalidade
e bater de frente com valores conservadores.
Entretanto, a
prova viva da mudança, é que, por exemplo, hoje, não é mais prioridade para uma
mulher casar e ter filhos, estando atrelada ao senso de independência para
posteriormente adquirir uma família, onde inclusive, esta também tende a
prove-la, uma vez que, no contexto atual, na pretensão de manter um padrão que
atenda necessidades básicas da família, os custos são assumidos pelo casal. No entanto, é evidente que muitos homens
ainda não entendem com senso liberal essa situação, muitos ainda levam para o
instinto e tem seu ego inflamado.
Nesse contexto, cabe falar da sexualidade feminina, as mulheres
precisam encontrar sua identidade própria, sua essência, e com os tabus
machistas – a realização sexual feminina outrora era inadmissível – muitas mulheres
ainda sofrem com isso. Assim, existem mulheres que são naturalmente sexy, o
jeito como elas se movem, seus gestos. Outras são discretas, há problema quando
a mulher escolhe um modelo que não é o dela. Quando uma mulher discreta quer
parecer uma mulher sexy, coloca um vestido curto e sai. Daí passa a noite
puxando o vestido, preocupada com o que está aparecendo. É o tipo de atitude
que não é sexy. Ela não consegue enxergar que a sensualidade dela pode estar
justamente na maneira mais discreta, no mistério que ela insinua.
Dessa maneira, não deve haver drama em falar
de sexo. Porém, há de se admitir que foi o rápido processo de transformação do
comportamento da sociedade brasileira desde os tempos da censura até os dias de
hoje. Com a mudança de padrão das relações dos casais existe uma frase
popular que expressa o conflito: “O homem faz sexo para se sentir bem e a
mulher faz sexo quando está bem”. Quando ele tem um dia cheio, cansativo, quer
fazer sexo para se sentir realizado. A mulher precisa estar realizada para
querer fazer sexo. Se ela está cansada, pensando nos filhos, na briga com o
chefe, não tem desejo. O segredo é homens e mulheres aprenderem a lidar com
essas diferenças. Por exemplo, se a mulher está sobrecarregada, o homem pode
ajudá-la nas tarefas de casa, com os filhos, e até mesmo conversando sobre o
dia difícil que ela teve. Desta forma, o casal cria intimidade e o desejo
aparece e se intensifica.
Bom, deixando um pouco a conquista sexual de
lado, vale brindar o ano de 2012, já que esse ano comemoramos os 80 anos da
conquista do voto feminino, gostaria então, de homenagear o Rio
Grande do Norte. Em 1927, por influência de seu governador, Juvenal
Lamartine, foi aprovada a Lei Estadual nº 660, que previu a possibilidade de
mulheres votarem e serem votadas. Nascia, assim, o sufrágio feminino no
Brasil. A primeira eleição na qual saiu vitoriosa uma mulher, na
América do Sul, ocorreu no Município de Lages, em 1929. Somente mais
tarde, em 1932, é que tal conquista alcançou mulheres dos demais Estados, com a
criação do Código Eleitoral, em 24 de fevereiro de 1932 e hoje temos uma mulher
na Presidência do Brasil, Dilma Rousseff (não cabe aqui lançar mão partidária,
inclusive os problemas do atual governo não são o foco do texto, deixemos para
a próxima).
Dessa
maneira, a luta não acabou, a cada
dia travam-se novas batalhas, as mulheres mudaram e ainda tentam mudar seu
papel e dever na sociedade, muitos passos já foram dados, mas a caminhada
não terminou. Nesse sentido, como tudo
agrega a liberdade de pensamento, infelizmente nem todas as mulheres sabem
respeitar e valorizar o que fora conquistado (e ainda se conquista), lutou-se
para que a mulher deixasse de ser tratada como objeto e hoje muitas mulheres usam
o caráter sexual para serem vistas como objetos de desejo, aí a questão não é
simplesmente gênero é caráter. Assim, ser feminista não é se igualar a
posturas horrendas - que são criticadas há séculos - praticadas por homens, é valorizar-se enquanto mulher e fazer aquilo que esta ligado as
suas próprias concepções.
“Já é tarde, tudo
está certo, cada coisa posta em seu lugar. Filho dorme, ela arruma o uniforme,
tudo pronto pra quando despertar. O ensejo à fez tão prendada, ela foi educada
pra cuidar e servir. De costume esquecia-se dela, sempre a última a sair. Disfarça
e segue em frente, todo dia até cansar e eis que de repente ela resolve então
mudar. Vira a mesa, assume o jogo, faz questão de se cuidar, nem serva, nem
objeto, já não quer ser o outro, hoje ela é um também. A despeito de tanto
mestrado, ganha menos que o namorado e não entende porque, tem talento de
equilibrista, ela é muita se você quer saber. Hoje aos 30 é melhor que aos 18,
nem Balzac poderia prever. Depois do lar, do trabalho e dos filhos, ainda vai
pra nigth ferver.” ♫ (Pitty - Desconstruindo Amélia)